Nessa sexta feira, trabalhamos o filme a corrente do bem, com a participação de todos os alunos do 5º ao 9º do Ensino Fundamental, e foram propostas algumas tarefas para os alunos "passe a diante", e depois estarei postando uma sintese do filme e as tarefas, principalmente o "passe a diante".
Denilson Rodrigues
sexta-feira, 13 de abril de 2007
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Um comentário:
Um abraço pela paz: uma iniciativa que surgiu em função de incidente violento, de extrema gravidade, entre alunos da escola Miguel Sutil e que pode tornar-se uma tentativa de mudar o comportamento de seus alunos e contribuir para um futuro mais promissor aos que entenderem e abraçar a proposta.
Acredito que um trabalho, permanente, de esclarecimento da importância de se combater a cultura da violência, que domina a consciência de grande parte dos alunos e da população em geral, é a única forma de sonharmos com um mundo mais justo e com menos violência.
Neste sentido algumas atividades coletivas já foram realizadas na escola numa tentativa de envolver todos os alunos numa mesma proposta de combate à cultura da violência. Imagino que um trabalho feito coletivamente e preventivamente seja mais proveitoso do que o tratamento individualizado a cada incidente. Não basta corrigir e repreender aqueles que pratiquem atos reprováveis, è preciso criar uma consciência coletiva de indignação e repudio a todo comportamento que contenha algum componente violento.
Nesta grande e complexa questão alguns aspectos são essenciais para se ter um bom entendimento do que se deve fazer. Em primeiro lugar é preciso entender e fazer com que os alunos, também, entendam assim, que a violência e a aceitação passiva dela, é uma coisa aprendida ao longo da história de cada vida, desde os primeiros momentos. Esta questão é importante pra possibilitar a reversão da deseducação para a violência, da desconstrução da cultura da violência.
Um outro aspecto que julgo importante na discussão deste tema é a explicitação de todos os tipos de violência desde os mais e visíveis como as guerras, os assassinatos e as agressões físicas até aqueles mais sutis e disfarçados como a falta de respeito com seu próximo (colegas, professores, vizinhos, familiares, etc.), a destruição e o descuido com a natureza, o preconceito racial e todos os demais preconceitos. Por fim e, principalmente, a existência da injusta pobreza que a maior parte da população é, inaceitavelmente, submetida e que é fonte de grande parte da ordem violenta a que todos são obrigados a submeter suas vidas.
Finalmente, é extremamente necessário esclarecer aos alunos as formas como se aprende a ser violento e a aceitar a violência como um acontecimento corriqueiro. Neste quesito acredito ser fundamental o permanente combate à maléfica influência da mídia na deseducação para a violência. A programação televisiva (principal veículo de formação da consciência coletiva) está repleta, saturada de cenas de violência, em sua maior parte de forma gratuita e desnecessária, que resulta na banalização da violência, na predisposição para a violência, na aceitação da violência. Hoje, junta-se à esta catástrofe televisiva a tecnologia informática que através do descontrole no seu acesso à “internet” e às “lan houses” permitem aos jovens contato a jogos e informações absurdamente violentos e imagens que distorcem a formação de uma consciência sadia e cidadã. Não propugno um boicote coletivo à mídia (não acredito que isto fosse possível no momento, mas gostaria), mas uma alternativa, mais prática e com muita eficiência, é a formação, a partir das escolas, de uma consciência crítica em cada aluno, de tal forma que eles próprios pudessem fazer a avaliação do que estão observando. Propugno que cada aluno adquira uma capacidade de avaliação crítica do que vêem abandonando a postura passiva de meros espectadores que tudo aceitam e absorvem.
Concluindo, acredito que todos desejem a paz, não imagino discordâncias a este posicionamento. Entretanto, colocar a questão desta forma simplificada não resolve nossos problemas. Na procura de soluções devemos enriquecer o debate levantando alguns questionamentos:
- que tipo de paz queremos?
- paz em uma sociedade organizada com muitos privilégios para poucos privilegiados seria possível?
- por que a paz mundial não é possível?
- a origem da violência é uma característica da natureza humana ou tem causas sociais e econômicas?
- a radicalização da repressão policial e da legislação penal tem resolvido ou resolverá a questão da violência?
Muitas outras questões podem ser lembradas, inúmeras respostas são possíveis. Sem ampla participação da comunidade e aprofundamento do debate desta questão, na procura de saídas coletivas para todos os níveis e tipos de violência, ficaremos eternamente lamentando o aumento da violência e a deteriorização de nosso processo civilizatório.
Professor Denílson, parabéns pela criação do blog. Está criado um canal para debate que pode ser um espaço em que toda a comunidade camapuanense possa participar expondo seus pontos de vista, propondo possíveis soluções e até mesmo desabafando-se.
Ricardo Soares Paniago, entendendo que tudo que é humano me diz respeito, como dizia um antigo e importante pensador.
Camapuã, 13 de abril de 2007.
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